sexta-feira, 25 de maio de 2012

PLANO DE ENSINO


PLANO DE ENSINO

Tema: Classicismo

Série: turmas de 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio



OBJETIVOS:

Que os alunos sejam capazes de:

·         Identificar os fatores que propiciaram o Renascimento;

·         refletir sobre as características do Classicismo e analisar textos de Luís Vaz de Camões;

·         Entender a estrutura textual de "Os Lusíadas".  

·         Reconhecer as principais características do Classicismo e situá-lo no contexto histórico,

·         identificar sonoridade e esquema de rimas num poema e diferenciar o gênerolírico e o épico, que idealiza a perfeição e a beleza clássica através da estrutura



Estratégias e recursos da aula

- Utilização do laboratório de informática.

- Leituras, exercícios e pesquisa em grupo.

- Cópias das poesias a serem lidas com os alunos

-Cartazes



ATIVIDADE 1

 O professor vai começar a aula perguntando à turma:

Quem aqui se considera clássico? O que é ser clássico? O que alguém quer dizer quando fala que a outra se veste de forma clássica?

Feito isso e tendo ouvido bastante os alunos sobre o assunto, o professor deverá levá-los à sala de informática para ver se usam corretamente o termo. Para tanto, que acessem o site abaixo e trabalhem, em duplas, respondendo em seus pedirá cadernos, as questões.

O roteiro deverá ser entregue xerocado aos alunos. O professor informará que a correção será em forma de brincadeira e quem errar pagará prenda. Essa prenda poderá ser imitar um bicho, um cantor, etc.




Roteiro:

1- Durante o século XIV, a Europa começava a se preparar para uma grande transformação política, econômica e cultural que teve seu auge ou apogeu nos séculos XV e XVI, chamado de classicismo, também conhecido como quinhentismo. Por que esse nome?

2- Que fato desencadeou o surgimento do Classicismo em Portugal?

3- Por que esse período, passa  a ser conhecido como Renascimento? Ilustre sua resposta.

4- São características do Classicismo: Racionalismo, Universalismo, Perfeição formal, Presença da mitologia greco-latina, Humanismo. Explique a importância de cada uma dessas características.

5- O que se deve entender por platonismo?

6- Quais as outras características do Cassicismo?

7- O que a classe chamou de clássico, corresponde aos ideais do Classicismo?

CORREÇÃO LÚDICA - Para fazer a correção do trabalho, o professor colocará a turma em círculo. Entregará a um aluno uma bola que deverá ser repassada de um aluno a outro e com uma música de fundo. Quando a música cessar, o aluno lê a primeira questão e a responde. Se não souber, o professor pergunta à turma quem quer responder e discute-se com toda a turma as respostas. Quem erra paga prenda à escolha do professor.



ATIVIDADE 2

Nessa aula o professor irá dar continuidade ao estudo sobre o Classicismo mas utilizando como base algumas obras de arte, fazendo relação do Clássico na pintura, escultura, na música e na poesia.

Em literatura, não é comum poder-se analisar a vida do autor pela sua obra. Porém, a biografia de Camões explica seus versos.

Entregar uma cópia com a poesia abaixo para cada aluno, Pra que juntos façam a leitura do mesmo e a partir disso apresentar um breve esboço da vida do autor e contextualizar o momento histórico vivido pela nação portuguesa.



Ao desconcerto do mundo



Os bons vi sempre passar

No mundo graves tormentos

E para mais me espantar,

Os maus vi sempre nadar

Em mar de contentamentos.

Cuidando assim alcançar

O bem tão mal ordenado,

Fui mau, mas fui castigado.

Assim que só para mim

Anda o mundo concertado.



                   Luís Vaz de Camões



2- Estabelecer paralelos sobre Camões ser considerado o maior poeta em Língua Portuguesa e sua vida. Considerem os fragmentos abaixo retirados da biografia.



a- Chegam as férias militares, fim do soldo. Para ganhar alguns trocados, Camões escreve versos e autos por encomenda de um poderoso senhor que os apresenta como seus à pretendida. Em troca, restos de comida. O poeta também se torna escriba público. São muitos os soldados analfabetos. Camões escreve cartas para os seus familiares no Reino. Assim vive em Goa até 1556.

b- No regresso, o susto, o naufrágio. Está na Costa de Camboja, próximo do Rio Mecom. Camões salta do barco. Os Lusíadas colados ao corpo. Braçadas. Mais braçadas. Turbilhão de água, escassez de ar. Camões nada, incansavelmente. Terra firme. Ainda não perdeu os sentidos. Sabe que está vivo. Olhar de soslaio, o manuscrito está salvo. Já pode desmaiar. O corpo a transpirar, ardência, febre. A infância, paixões e conflitos, lampejos. Mazelas.



ATIVIDADE 3  

Leitura do poema “Amor é fogo que arde sem ver”, estabelecendo relação entre o poema de Camões e os textos de Corintios 13 e a música da Legião Urbana- Monte Castelo.

Após ouvir a música o professor deve questionar os alunos se esses já ouviram ou leram alguma definição parecida do “amor”, em seguida apresentar o poema de Camões e pedir para que verifiquem as semelhanças entre os três textos.

Esse é um momento que o professor deve também explicar sobre a lírica de Camões, falando sobre medida velha e medida nova presente em suas poesias.

  

ATIVIDADE 4

Explicar o que é um épico e por que Os Lusíadas faz parte desse gênero e qual a importância dessa obra para a literatura e a língua portuguesa.

Apresentar os cantos (explicar que o episódio de Inês de Castro será tratado mais detalhadamente na próxima aula).

Analisar um excerto da obra.

Canto I

Terminada  dedicatória, a narração do poema começa com Vasco da Gamam e sua frota em pleno o ceano, rumo à Índia. No Olimpo, os deuses reúnem-se em um Concílio, pois Baco desejava impedir o sucesso dos portugueses, ao passo que Vênus e Marte estavam empenhados em auxiliá-los.

Canto II

Vasco da Gama consegue livrar-se de traições dos povos com quem havia estabelecido contato na costa africana. Os navegantes chegam a Melinde. Os portugueses escaparam de situações difíceis, graças à proteção de Vênus.

Canto III

O rei de Melinde deseja conhecer a história de Portugal.Por iso Vasco da Gama narra episódios históricos entre os quais se destacam as aventuras de Inês de Castro,que você verá adiante.

Canto IV

Vasco da Gama continua sua narrativa, chegando aos preparativos da expedição e ao momento do embarque. Surge então, na praia do Restelo, uma personagem do povo, o “Velho do Restelo”, que se opões às viagens marítimas. Ele representa a mentalidade medieval, que teme as mudanças decorrentes das grandes navegações, indicando ao mesmo tempo, os prejuízos que tais aventuras poderiam causar a Portugal. O velho dirige-se à “vã cobiça desta vaidade a que chamamos Fama.

Canto V

Vasco da Gama descreve então os locais por onde a esquadra havia passado e as dificuldades encontrados pelos marinheiros: muitos adoeceram devido ao clima e às águas. Destaca-se neste canto a figura do “Gigante Adamastor”, que é a personificação do antigo cabo das Tormentas, um acidente geográfico quase intransponível no caminho para o Oriente. Contrapondo-se à figura horrenda do gigante, está a força moral de Vasco da Gama e de seus marinheiros, que não se atemorizam e superam o obstáculo.

Canto VI

A esquadra parte para a ìndia. Os deuses do Olimpo interferem: Baco desce apalácio de Netuno, isto é, ao mar, para tentar destuir a frota; mais uma vez, Vênus interfere em favor dos portugueses. Aproximam-se da ìndia.

Canto VII

Chegam a Calicute, sendo recebidos pelo samorim,rei da Índia, e pelo catual, representante do governo. O poeta descreve o país e narra a ida do catual à nau Capitânia.

Canto VIII

No navio, o catual ouve a narrativa de Paulo da Gama ,irmão de Vasco, sobre personagens da história portuguesa. Vasco da Gama é atraiçoado e preso pelo catual, mas consegue libertar-se em troca de mercadorias.

Canto IX

Depois de resolver mais alguns problemas com mercadorias e reféns, Vasco da Gama parte de volta a Portugal. No Olimpo, Vênus decide premiar os portugueses. No oceano, os portugueses encontram a ilha dos Amores, com as ninfas que os acolheriam, proporcionando-lhes momentos de amor como recompensa pelos seus feitos heróicos.

Canto X

A deusa Tétis oferece um banquete a Vasco da Gama em seu palácio e lhe fala sobreas glórias futuras de Portugal .Mostra-lhe a “grande máquina do mundo”: o Empíreo (céu,ainda na visão da terra como centro do universo), as estrelas, os continentes.Retornam a Portugal.No epílogo, o poeta queixa-se da decadência que já atingia a pátria, assumindo um tom melancólico e contrário em tudo à euforia inicial. Ao encerrar o poema, mostra-se fraco e cansado.

ATIVIDADE 5

Apresentar o episódio conforme Os Lusíadas e o episódio conforme A Castro , de Antonio Ferreira

Apresentação de slides com temas de Os Lusíadas e do episódio de Inês de Castro.

ATIVIDADE 6 –

Questões

1)Quais os modelos retomados pelo Classicismo e o que foi valorizado durante esse movimento?

2)Qual a importância da obra Os Lusíadas para a literatura e a língua portuguesa?

3)O poema Ao desconcerto do mundo divide-se em duas partes contendo cinco versos cada uma. Em que parte podemos identificar o que é reservado aos bons? Exemplifique. Em que parte podemos identificar o que é reservado aos maus. Exemplifique.

4)Existe semelhanca entre as concepções de amor apresentadas pela canção Monte Castelo, pelo poema Amor é fogo que arde sem se ver  e pelo trecho bíblico contido no capítulo 13 do livro de Coríntios, intitulado A suprema excelência do amor?Justifique sua resposta.

AVALIAÇÃO

As atividades de avaliação de envolvimento e de produção dos alunos deverão ocorrer no decorrer de todas as propostas de trabalho. O professor deverá observar a participação dos alunos na resolução das questões, no interesse em aprender e em todos os momentos que foram chamados a participar das atividades.    





Referências

ABAURRE, Maria Luiza M. Literatura Brasileira, Tempo, leitores e Leitura,São Paulo: Moderna, 2005.

CAMÕES, Luís V. Os Lusíadas, Porto: Livraria Figueirinhas, 1978.

CEREJA, Willian; MAGALHÃES, Thereza C.,Português: Linguagens, São Paulo: Atual Editora, 2004 (PNLEM 2006).CIDADE, Hernani,

JUNIOR, Benjamin Abdala. Camões-Épica e Lírica in: Margens do texto. São Paulo: Editora Scipione, 1996.




terça-feira, 22 de maio de 2012

POEMAS DE CAMÕES



POEMAS DE LUIS VAZ DE CAMÕES

Descrição: Luís Vaz de Camões


Alma minha gentil, que te partiste


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

ANÁLISE
O soneto é constituído por duas quadras e dois tercetos, em metro decassílabo com um esquema rimático ABBA//ABBA//CDC//CDC verificando-se a existência de rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em CD.
O poeta dirige o seu discurso à mulher amada, que, para sua tristeza, morreu jovem: “Alma minha gentil, que te partiste/ Tão cedo desta vida, descontente,”. Ao longo do soneto, o poeta vai-lhe fazendo alguns pedidos, utilizando frases imperativas, tais como: “repousa lá no céu…”,”não te esqueças daquele amor ardente…” e “roga a Deus…”. Afirma também que está em sofrimento e aponta as razões desta tristeza, que se ligam, essencialmente, à ausência da amada, marcada pela distância entre o céu - local de morada dela: ”repousa lá no Céu” - e a terra, espaço de vida do poeta: “viva eu cá na terra”. Estas referências espaciais surgem associadas aos termos com valor deíctico “cá” e “lá”, que reforçam a relação de afastamento entre os dois amantes. Assim, a solução para o sofrimento do sujeito poético seria a aproximação entre os dois e, por isso, ele pede-lhe que rogue a Deus para o levar rapidamente para junto dela: “Roga a Deus, que teus anos encurtou,/ Que tão cedo de cá me leve a ver-te,/ Quão cedo de meus olhos te levou.”
De notar a utilização constante de eufemismos para a referência quer da morte da amada, quer da do poeta: “partiste tão cedo desta vida”, “Deus, que teus anos encurtou” e “que de cá me leve a ver-te”, o que é uma estratégia de poetização de um afastamento irreversível

Um mover d’olhos brando e piadoso
 

Um mover d’olhos brando e piadoso,
Sem ver de quê ; um sorriso brando e honesto,
quási forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;


Um desejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravíssimo e modesto;
ũa pura bondade, manifesto
indício da alma, limpo gracioso;

Um escolhido ousar; ũa brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.




 

 

Erros meus, má fortuna, amor ardente


Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIP4mxi80DkQ4ZJ7voYXxuA4StgKlS2zKILgCLtwUChtgxGuUySsm23XC4z8fbhvmuiR2IlpwHFcL63pEX0OD3XX7lCSiOZ4RdyuQD3h6ArcVJIvgaQ7Xyv_oIMvZEit-4g_NP9X0LuDWJ/s320/Erros+meus.jpg

Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava o amor, somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos…
Oh! Quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!


Análise
Este texto é constituído por duas quadras e dois tercetos, em metro decassilábico, com esquema rimático, ABBA / ABBA / CDE / CDE, verificando a existência de rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada nos tercetos.
O soneto aborda a vida passada do poeta e a tristeza que ele sente ao recordá-la. Assim, nas primeiras três estrofes, exprime a sua tristeza em relação à vida que foi passando e os erros que foi cometendo. Para o fazer, evoca três razões que justificam um passado infeliz; “Erros meus, má fortuna, amor ardente”, que, de forma intencional, se reuniram numa metafórica conjura para tramar contra o poeta: “Em minha perdição se conjuraram” (v. 2). Partindo desta ideia, o poeta desenvolve o seu lamento ao longo das estrofes seguintes. Assim, o sujeito poético aprendeu a não ter esperança na alegria que a vida lhe podia proporcionar: “A grande dor das causas que passaram, / que as magoadas iras me ensinaram / a não querer já nunca ser contente” (vv. 5-9).
 Concluindo que todo o seu percurso de vida foi errado, pois foi sempre iludido pelo amor: “De amor não vi senão breves enganos” (v. 12), e tendo em conta que o amor seria o suficiente para o levar à perdição: “Os erros e a fortuna sobejaram,/ que para mim bastava amor somente” (vv. 3-4), a Fortuna, ou seja o destino, castigou as suas sempre “mal fundadas esperanças” (v. 11), pois estas foram sempre criadas por um amor ilusório.
O soneto encerra com um pedido, que traduz todo o sofrimento do sujeito poético: “Oh! Quem tanto pudesse que fartasse / Este meu duro Génio de vinganças!” (vv. 13-14), sendo toda a dor transmitida na utilização da interjeição e da frase exclamativa, e no qual é solicitado, no fundo um descanso que o poeta entende merecido.

domingo, 20 de maio de 2012




Classicismo - A poesia lírica de Camões
Odete Antunes (Profª Odete)

A obra lírica de Camões é constituída por poemas feitos em medida velha e em medida nova.

A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um tema.

Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas a tradição clássica. São eles: 

- Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos);
- Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril);
- Elegias (composições que expressam tristeza);
- Canções (composições curtas);
- Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos);
- Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).

Na poesia lírica de Camões o amor é descrito como um sentimento que entusiasma o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece como um sentimento de significado contrário pela própria natureza. Por um lado, o Amor é manifestação do espírito, por outro é manifestação física. Para Camões, o Amor deve ser experimentado, deve ser sentido e não apenas mental, um sentimento de pensamento.

Na sua poesia lírica, o poeta passa a ideia de que o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de média nova aproxima-se de grandes vultos clássicos.

Os Sonetos de Camões

Introduzido em Portugal por Sá de Miranda, coube a Camões assegurar o triunfo do soneto, mercê de sua irresistível vocação lírica; do seu gosto pela análise das finezas do sentimento amoroso; do equilíbrio entre a agudeza conceitual, a perfeição formal e a expressão comovida dos transes existenciais do poeta; da musicalidade feliz que, por trás do rigor da construção, faz parecerem espontâneos os decassílabos. 

Os sonetos de Camões são a parte mais conhecida de sua lírica; os melhores que escreveu são os melhores de toda a literatura da língua portuguesa.

Camões é o maior poeta lírico do Classicismo português. 

Dotado de inegável genialidade, coube a ele a melhor performance do soneto em língua portuguesa. Camões segue estritas regras de composição, obedecendo ao princípio da imitação, embebendo-se em fontes italianas como as do poeta Petrarca. 

A brevidade do soneto - dois quartetos, dois tercetos - requer grande concentração emocional, geralmente disposta sob a forma de tese-antítese com desfecho conclusivo que busca a síntese ou a unidade. A linguagem é condensada no decassílabo, utilizando a palavra de forma precisa, permeada pelo controle rígido da razão, mesmo quando o tema é uma aparente desordem.

Veja a análise do poema "Amor é um fogo que arde sem se ver"

Análise do poema Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta sida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou


O soneto, que os biógrafos associam à morte de Dinamene, chinesa com quem Camões teria vivido em Macau, é dos mais conhecidos. Segundo a tradição, acusado de delitos administrativos, Camões e Dinamene teriam sido levados da China para a Índia, onde seria julgado o poeta. Na viagem, por volta de 1560, o navio naufraga nas costa do Camboja, junto à foz do rio Mekong. 

Camões teria conseguido salvar-se e salvar Os Lusíadas, que trazia quase concluído, mas teria perdido Dinamene, a sua "alma gentil", relembrada em elevado tom elegíaco, quase místico.

O platonismo revela-se, no soneto, pela sublimação eternizadora da amada, a partir de sua morte. O poeta contempla a amada transubstanciada em puro espírito ("lá no assento etéreo"),por via do muito amar.

O apelo aos sentidos é transcendentalizado, imaterializado buscando Dinamene no Céu, em Deus, entendidos como valores filosóficos, míticos, e não apenas religiosos ou cristãos. A morte implica uma espécie de purificação. A amada, que partiu para esse "mundo das idéias e formas eternas", também se torna objeto de elevação e saudade. Mas a "reminiscência", neste caso, tem mão dupla: do poeta, que se eleva à beleza imaterial da amada, como usual, e também na direção oposta, pois o poeta sugere a possibilidade de que a amada se lembre dele, "lá do assento etéreo".

O poeta equilibra a expressão de seus transes existenciais com a disciplina clássica.

Emoção e razão, expressão pessoal e imitação modelam uma dicção sóbria, contida, mas nem por isso menos comovente. Mesmo quando aproveita o material autobiográfico, não há o "descabelamento" desesperado dos românticos. A morte da amada serve também ao exercício poético da imitação, no caso, do modelo petrarquista: "Quest anima gentil che si diparte / Anzi tempo chiamata a l'altra vita".

Observe que, curiosamente, em "Alma minha..." o ouvido de Camões foi indiferente a uma cacofonia ("maminha"), que hoje seria de todo modo evitada.

A situação conflitante que o poeta retrata projeta uma tensão que se aproxima do Maneirismo e, por essa via, do Barroco: a presença da morte, o tom fatalista, o dualismo que opõe vida e morte, passado e presente, serenidade e sofrimento.

Além do tema amoroso, Camões se faz cantor dos desconcertos do mundo. Espírito muito atento à sua época, tem plena consciência de que tudo muda, nada é eterno.

O homem, embora queira sempre atingir o ideal e a perfeição, depara-se com a terrível restrição imposta pela própria condição humana. O poeta chega à conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno, restando a ele divagar sobre o real e o ideal, o eterno e o transitório, a morte e a vida, o pessoal e o universal. Nesses pares, encontram-se as mais profundas tensões que a lírica já deixou transparece.Postado por José Roberto.


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Comentários: Ler / Escrever

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS – MOVIMENTOS LITERÁRIOS: CLASSICISMO


Objetivo:

Esta lição visa mostrar como o classicismo surgiu, em que época ele foi mais forte e de onde ele tem maior influência. Também com afetou a sociedade da época.  E como este termo pode ser aplicado. Quais foram os principais autores. E uma pequena ênfase em Luiz de Camões.

Pré-requisito:

Estar seguindo as lições.

CLASSICISMO


ORIGEM E CONTEXTO HISTÓRICO

Durante o século XIV, a Europa começava a se preparar para uma grande transformação política, econômica e cultural que teve seu auge ou apogeu nos séculos XV e XVI, chamado de classicismo, também conhecido como quinhentismo, já que  se manifestou no século XVI, em l527, quando o poeta Sá de Miranda retornou da Itália trazendo as características desse novo estilo. este fato marcou o início dos tempos modernos. Esse período, pela história passa  a ser conhecido como Renascimento, onde o homem passa a ser redescobrir, mudar de valores ter uma nova visão do mundo.

A sociedade que era dominada pelo teocentrismo medieval passa a dar lugar aoantropocentrismo, ou seja, a valorização do homem, onde o homem passa a ser o centro dos estudos e a exaltação da natureza humana, pois o homem começa a entender  sua capacidade realizadora:ele pode conquistar, inventar, criar,  produzir e fazer qualquer outra coisa. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas "trevas" da Idade Média, embora já estivesse existido na Antigüidade clássica, como exemplo na civilização grega. No início do século XVI, ocorre o  renascimento do Antropocentrismo. No Renascimento, as obras passam a perder o primitivismo e a ingenuidade das obras medievais e a ganhar um aprimoramento técnico igual ou até superior as obras da antiguidade.

O homem do Renascimento se identifica na cultura greco-latina que passa a ser os valores da época.  Além de Integrar a seu universo artístico os deuses da mitologia grega,isto porque os deuses tem características humanas, como por exemplo, sentimentos, o homem renascentista procura compreender o mundo sob a luz da razão, e faz a associação do equilíbrio entre razão e emoção, as noções de beleza, bem e verdade.

A concepção estética que teve a base no Humanismo e no Renascimento convencionou-se chamar Classicismo, isto porque os clássicos eram os antigos  filósofos greco-latinos que por sua influência e saber poderiam ser considerados importantes ao ponto de serem estudado em  “classes”.

Classicismo e seu significado

Este termo também teve alguns significados, poderia referi-se a um escritor aristocrático.


pintura típica do classicismo

Outra definição pode ser o classicismo como conjunto de caracteres estéticos, definindo o estilo cultural, artístico e literário de um período, por oposição ao barroco, ao romântico.

Os termos :clássico e classicismo também podem ser empregados a partir de uma mistura de definições de valores, como se arte greco-romana estabelecesse um padrão para toda a arte produzida posteriormente , e periodização histórica.

A oposição clássico/ romântico permitiria explicar, no limite, o desenvolvimento das artes e da cultura na Europa.

CARACTERÍSTICAS

» Imitação dos autores greco-latino: como exemplo: Homero, Aristóteles, que eram gregos; Cícero, Virgílio, Horácio que eram latinos.

Um exemplo da influência desses autores pode ser vista em um trecho do poema de Camões,abaixo :

“As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Traprobana,

(Camões, Os lusíadas)

» Preocupação com a forma: Rígida exigência quanto a métrica e a rima dos poemas; acentuada preocupação com a correção gramatical, principalmente com a clareza na expressão do pensamento,  a sobriedade e a lógica; preocupa-se com a observância das distinções ou diferenças entre os gêneros literários.

» Construção frasal :ocorre a inversão dos termos na oração e de outras no mesmo período, isto devido a influência latina.

» Utilização da mitologia greco-latina: para dar um efeito mais artístico, porque os personagens mitológicos simbolizam ações, demonstram sentimentos e atitudes humanas.

» Universalidade e impessoalidade: ampla preocupação com as verdades eternas e universais, não levando em conta opiniões particulares e  o pessoal, não se tem opinião do autor.

» Temas de interesse da época: como os descobrimentos e as expansões marítimas.

» Idealismo: A arte clássica  era naturalista e objetiva; a realidade era idealizada pelo artista. A mulher amada era descrita como  um ser celestial, igual aos anjos; a natureza era vista como uma região paradisíaca, onde a paz e a harmonia de bosques e florestas eram mostradas.

PRINCIPAIS AUTORES PORTUGUESES

Luís Vaz de Camões: (1525?-1580), O escritor mais conhecido e destacado do classicismo português. Escreveu poesias líricas e épicas, além de várias peças teatrais. A obra Os lusíadas, foi publicada em 1572 , mostra muito bem como era a visão do mundo e dos homens na época, algo próprio do classicismo. Serviu como matéria informativa, ou melhor, como uma reportagem de um dos fatos mais importantes da história portuguesa. O poema tem como tema principal a narração da viagem de Vasco da Gama as Índias,o enfoque maior é no povo português, em como conseguiu conquistar novas terras, por isso o enfoque é no povo e não em alguém específico.

Francisco de Miranda: (1495-1558), seus trabalhos giraram em torno da poesia e a comédia. Por ter vivido algum tempo na Itália, ele introduziu em Portugal o soneto,uma nova forma poética com base na arte renascentista.

Bernardim Ribeiro: (1482-1552), sua obra de destaque foi Menina e Moça, publicado em 1554.

Antônio Ferreira: (1528-1569), Sua obra principal foi A castro (ou Tragédia de d.Inês de Castro), escrita em versos, publicada em 1587, em Portugal.

Como Luis de Camões foi o mais destacado e conhecido poeta português deste período, será dado maior ênfase a ele.

CAMÕES LÍRICO

A base  do amor para os poetas clássicos fundamentava-se,  em três pensamentos diferentes: o racionalismo, a idealização e o espiritualismo.

Outro poeta que influenciou os poetas portugueses, foi o filósofo grego Platão.

PLATONISMO

Platão, (129-347 a.C), influenciou muitas das poesias de Camões. Principalmente no que se  refere a Beleza e ao Amor. Para Platão,que tinha um pensamento meio espiritual, nossa alma, que segundo ele está presa ao corpo na vida terrena, passa a ligar-se a beleza, isto porque a pequena memória de uma Beleza soberana contemplada em outro universo. O amor platônico é na verdade, a supremacia em direção a Beleza que ultrapassa a pessoa e os prazeres dos sentidos.Postado por José Roberto